Michael Jackson pisou em solo brasileiro pela primeira vez em Setembro de 1974, acompanhando o grupo Jackson Five, durante uma turnê pela América Latina. Na época ele tinha apenas 16 anos, e eles se apresentaram em São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, além de se apresentar para a extinta Rede Tupi.
O vídeo que segue mostra cenas raras dos rapazes no programa de televisão, além de contar as histórias dos bastidores.
''Os irmãos Jackson já não são apenas cinco! Randy é o sexto e Janet, a sétima. Toda a família Jackson - inclusive o pai, a mãe e um tutor - assistirão aos shows do Jackson Five, hoje e amanhã no Anhembi.
As famílias americanas de classe média têm o hábito de improvisar conjuntos domésticos. Cada um de seus membros toca um instrumento, e todos se reúnem aos domingos, na volta da igreja, ou à noite, antes ou depois do jantar. Foi seguindo esse esquema que a família Jackson iniciou o caminho do sucesso.
O Jackson Five é um conjunto familiar, formado por irmãos que tocam guitarra, piano, baixo, bateria e cantam. No princípio, os shows eram em casa, nós finais de semana. Só para a família. Depois vieram o entusiasmo e a participação em concursos de calouros. Diana Ross os descobriu e a Motown - uma das maiores gravadoras dos Estados Unidos - lançou e sustenta o sucesso dos irmãos Jackson.
Hoje e amanhã, o Jackson Five - que pode se apresentar como six ou até seven - fará dois shows em São Paulo: o primeiro, às 21h, no Palácio das Convenções; o segundo, às 18h, no Pavilhão Anhembi.
O conjunto começou com cinco integrantes: Jackie, Tito, Jermaine, Marlon, Michael. Depois, veio Randy e agora está ameaçado de transformar-se em Jackson Seven, se a irmã caçula, Janet, começar a participar profissionalmente do grupo.
O profissionalismo da família Jackson começou pelo pai - Joe - que em 51 tocava blues em Chicago, onde também era contra-regra. A mãe nunca teve muita vocação para música, mas mesmo assim tocou clarineta na época do colégio.
Hoje, o conjunto funciona assim: Jackie - 23 anos - canta no coro, dança, é o coreógrafo do conjunto e ainda toca piano; Tito - 21 anos - comanda as guitarras e lidera o grupo; Jermaine - 20 anos - é o solista na "área romântica", toca baixo e ainda funciona como o galã do conjunto; Marlon - 17 anos - faz parte do coro, é o que mais dança e se preocupa com a coreografia; Michael - 15 anos - é a vedete do grupo: canta, dança e lidera as entrevistas; e Randy - 12 anos - o mais novo integrante do sexteto, toca tudo o que for percussão.
O Jackson Five, em sua viagem ao Brasil, vem com a família inteira, menos as duas irmãs mais velhas, que não participam no conjunto. Além do pai e da mãe, virá também um tutor, que sempre viaja com os meninos.
Apesar do sucesso de vendagem e da popularidade em todos os Estados Unidos, alguns críticos norte-americanos afirmam que o Jackson Five é um produto da "mágica da Motown". Isso porque a gravadora é a única que ainda mantém o esquema promocional hollywoodiano.
Os ingressos para as apresentações do Jackson Five estão à venda no Anhembi, Lojas Hi-Fi de Discos (Augusta) apenas para o show de sexta-feira, às 21hs, no Palácio das Convenções. Os preços: Cr$ 180,00 - setor 1; Cr$ 140,00 - setor 2; Cr$100,00 - setor 3; Cr$70,00 - setor 3 de H a Q (preço para estudantes) e Cr$70,00 cadeiras extras no setor 3.
Para o show de sábado, às 18hs, no Parque Anhembi, o preço é único - Cr$20,00 e os ingressos estão à venda nos Ricks Iguatemi, Marconi, Largo do Arouche, Av. São João, Jumbo Aeroporto, Play Center e na Hi-Fi da Augusta.''
HOTEL NACIONAL |
Saímos do Núcleo Bandeirante (DF) rumo ao show de Jackson Five, que havia feito um show em sua turnê pelo Brasil. Naquele dia do show, a Rodoviária de Brasília recebia milhares de fãs que saiam dali a pé até o Ginásio de Esportes.
Por motivos que jamais saberemos, o aglomerado de pessoas seguia da Rodoviária rumo a Torre de TV de Brasília e nós resolvemos passar por entre os hotéis no Setor Hoteleiro Norte.
Não me lembro se eles estavam hospedados no Eron Brasília Hotel ou no Aracoara Hotel, como passávamos por entre os hotéis (em um percurso diferente da multidão), naquele tempo não havia os viadutos ligando a W3 Norte a W3 sul.
Como eu e minha irmã estudávamos inglês na época, não me lembro se na Cultura Inglesa ou no IBI (Instituto Britânico Independente), falávamos inglês, portanto passíveis de uma comunicação. Fomos bem recebidos pelo grupo e me lembro de ter conversado muito com o Jermaine Jackson, observando todos acomodarem seus pertences no ônibus que os levariam até o local do show.
Aquele foi, sem dúvida, um show especial para nós, pois a vinda do grupo ao Brasil era um acontecimento extraordinário, em virtude do grande sucesso que já tinham naquele tempo.
Lembro que por falta de alguns equipamentos que ficaram em Belo Horizonte e não chegaram a tempo em Brasília, o show foi cancelado, causando uma grande indignação aos presentes que apedrejaram o ônibus dos artistas, quando do anuncio do cancelamento e adiamento para o outro dia, pois o Jackson Five se deslocou ao Ginásio ainda assim, para dar satisfação aos presentes.
Aquele show teve uma fantástica apresentação e jamais esquecerei o momento do solo de percussão feito pelo Randall, quando o ginásio foi quase abaixo, Michael Jackson cantando divinamente junto com seus irmãos, foi fantástico.
Relutei em escrever esse texto, mas nesse momento me rendo às homenagens que o mundo todo está prestando àquele fenômeno da música pop, prematuro em tudo. Sou fã há muitos anos e fui testemunha da fantástica qualidade de seus shows, durante os mais de 35 anos de música que encantaram o mundo.
Agradeço a oportunidade de poder dizer que, um dia, em Setembro de 1974 eu, minha irmã e meu tio Samuel estivemos com o Jackson Five e Michael Jackson já era o astro rei naquela maravilhosa constelação de talentos.''
''Eles já estão aqui! / O grupo vai dar cinco shows no Brasil, este mês, Você poderá vê-lo em São Paulo, Rio e Porto Alegre. E não se esqueça de levar o pôster e as letras que estão aqui ao lado!
Tito, Jackie, Jermaine, Marlon e Michael: os cinco irmãos Jackson prometem deixar o público brasileiro apaixonado.
Já está tudo prontinho para a quentíssima excursão do Jackson Five pelo Brasil. Dia 12 desse mês, os cinco irmãos desembarcam em São Paulo com uma equipe de 18 pessoas.
No dia seguinte, no Palácio das Convenções do Anhembi, dão o primeiro show da cidade. Dia 14, ainda em São Paulo, cantam no Pavilhão de Exposições do Anhembi. Então viajam para Porto Alegre e cantam no Ginásio do Internacional [Gigantinho] dia 17.
E a excursão termina no Rio com dois tremendos shows no Maracanãzinho, dias 19 e 20. O empresário George Ellis, que investiu 800.000,00 cruzeiros na transação, está tranquilo: O Jackson Five, descoberto em 69 por Diana Ross, é um dos conjuntos de maior sucesso no mundo inteiro e seus shows são muito ouriçados.
E os meninos do grupo não deixam por menos. Para essa primeira excursão pelo Brasil, estão prometendo muito calor: ''Nós sacudiremos o Brasil. Vocês vão nos adorar mais do que imaginam.''
Eles mostraram uma tremenda garra, cantando e dançando sem parar com uma vitalidade impressionante. Micael soltou a voz e provou que é mesmo um vocalista da pesada.
Os irmãos Jackson deram shows super quentes em São Paulo, Rio e Brasilia. No palco, eles são uma possante máquina de som. Fora, são garotos simples, tranquilos e bem-humorados.
O Jackson Five esteve no Brasil com força total. Michael [15 anos], Tito [20], Jackie [22], Jermaine [19], Marlon [18] e o caçula Randy [11] provocaram a maior zoeira nos palcos brasileiros.
Eles vieram com uma comitiva de vinte pessoas e trouxeram mais de seis toneladas de aparelhagem Seus shows em São Paulo[dois], no Rio [dois], em Brasilia [um] foram um barato, pois além de cantarem sucessos do grupo, eles mostraram um incrível entrosamento [adquirido em cinco anos de carreira]. dançando e se movimentando com agilidade e perfeição impressionantes.
A imagem que ficou é que o Jackson Five é uma bem regulada máquina de som e entretenimento, no melhor estilo dos espetáculos musicais americanos.
E como o índice de profissionalismo do grupo é bem grande, fora do palco os meninos são submetidos a rígidas regras de comportamento. Sempre acompanhados de seu pai e empresário, Joe e de Miss Rose Fine, uma senhora que cuida deles durante as viagens [além de musculosos guarda-costas], os irmãos Jackson , na medida do possível, mostraram a maior boa vontade e simpatia.
Não se grilaram com a gravação de um video-tape para a TV Tupi de São Paulo, que foi até de madrugada, por causa de problemas técnicos, nem com a correria dos fãs que queriam autógrafos, e muito menos com a desorganização geral que marcou suas apresentações no Brasil.
HIT POP bateu um papo com os meninos, quase às escondidas, procurando fugir das severa vigilância de Joe Jackson, que proibia seus filhos de falarem à vontade e dizerem o que pensavam. Vamos ao papo com J5.
Pop: Como é que vocês conseguem enfrentar a tremenda barra do show business com esse bom humor?
Jackie: Olha, o que nos salvou até agora é sermos muito unidos. Trabalhamos em família, o que evita muitos problemas e, além disso, temos muita consciência profissional e encaramos nosso trabalho com seriedade.
Pop: E os lances que todos os garotos curtem, como brincar, namorar, transar por aí com amigos? Sobra algum tempo para fazer isso?
Michael: Nós não somos um jardim de infância. Somos um conjunto de rock. Mas, mesmo assim, somos iguais a todo mundo. Nossa casa em Los Angeles vive cheia de amigos e o Randy adora tomar banho de piscina com o pessoal da vizinhança. Eu e o Jermaine gostamos de jogar basquetebol e de ficar transando som no estúdio. Em casa, cada um faz o que gosta, e a gente curte muito ficar lá inventando coisas.
Pop: E na escola, como é que é a barra? Vocês são comportados?
Marlon: Somos iguais a todos os garotos da nossa idade. Estudamos, tiramos boas notas [quase sempre], jogamos aviãozinho na sala de aula e curtimos as broncas das professoras.
Pop: Mas a escola não atrapalha um pouco a carreira do grupo?
Jermaine: Atrapalha, mas é um mal necessário, do qual a gente até gosta. A vontade de todos nós era cursar uma faculdade, mas vai ser dificil conciliar os compromissos do grupo com os estudos. Mas a gente vai fazer o possível para conseguir isso.
Pop: Mas como é que vocês vão à escola se estão viajando quase todo o tempo? E as faltas? Não tem grilo?
Randy: Nós resolvemos o problema, temos uma professora que sempre viaja com a gente e dá todas as aulas que a gente perde durante a viagem.
Pop: Vocês, que já cantaram nas grandes capitais do mundo, como é que sentiram a transa no Brasil?
Tito: Olha, a gente já viajou muito, cantou para públicos bem diferentes e viveu mil experiências. Aqui tudo correu muito bem. A gente estava com vontade de cantar no Brasil e procurou mostrar o melhor do Jackson Five. O público brasileiro é quente demais, dançou e cantou com a gente o tempo todo. A turma conhece todas as nossas músicas! Não sabíamos que éramos tão curtidos assim. Foi uma loucura!
Pop: Vocês se divertiram por aqui? O que vocês fizeram?
Jackie: Não deu tempo para fazer quase nada, mas só o mar e as praias do Rio já valeram a pena. São Paulo também nos surpreendeu: parece Nova York, principalmente quando a gente passeava de carro, à noite, pelo centro da cidade, e via todos aqueles luminosos e todas aquelas pessoas na rua... Quando sobrou um tempinho, a gente visitou oInstituto Butantã e fez algumas compras.
Pop: Por que vocês recusaram os cinco carrões que a KEP Produçõescolocou à disposição de vocês?
Michael: É que o ônibus é muito mais legal, pois leva todo mundo, e a gente fica mais à vontade. Dá para fazer um som e até ensaiar, o que é muito importante, pois nessas viagens não se pode perder tempo.
Pop: Tem gente que acha as músicas de vocês ''quadradas'', açucaradas e sem conteúdo. Como vocês definem o som do Jackson Five?
Marlon: Quem viu os shows que a gente deu aqui está sabendo das coisas. Se o nosso som fosse quadrado, a moçada não ia dançar o tempo todo e dançar daquele jeito. A gente levantou a poeira do chão e provou que o Jackson Five não é careta. Nosso rock é da pesada!
Pop: Quais são os planos do grupo para o futuro?
Jermaine: Nós queremos ficar cada vez mais unidos, aperfeiçoar o nosso trabalho e talvez aumentar o conjunto. Tudo isso para manter o nosso público que nos colocou no lugar dos Beatles. O lugar deles agora é nosso. A prova está na incrível quantidade de discos que estamos vendendo.
Michael Jackson chegou ao Brasil pela segunda vez em 13 de Outubro de 1993, dando sequência aos shows de sua Dangerous Tour. Ele veio de Buenos Aires (Argentina) em um voo do Boeing 727 da Varig, que aterrissou no Aeroporto Internacional de Guarulhos (São Paulo).
Michael chegou acompanhado de alguns amigos e estava sendo aguardado no aeroporto por 1.500 pessoas, segundo cálculos da Polícia Militar, sob um calor de 37 graus.
A visão do astro foi demais para a ansiedade da estudante Luciana Della Roveri, que escavou a terra para passar por baixo da cerca de arame. A fã ousada não andou mais de 50 metros, e foi contida pela guarda da INFRAERO.
"Eu queria tanto dizer pra ele que eu o adoro.Se conseguisse abraçá-lo, acho que desmaiaria", disse Luciana, enxugando as lágrimas na camiseta.
Em seguida, o Rei partiu em um furgão, rumo ao Hotel Sheraton Mofarrej, onde se hospedou em uma suíte presidencial.
A vigília dos fãs em frente ao hotel |
Integrantes da equipe compraram, a pedido do artista, uma mini-barraca de camping, quatro lanternas com baterias, oito pôsteres com fotos de crianças que foram afixados nas paredes da suíte, balões e revólveres que atiram água.
Concentrada na tarefa, Gildete, 42 anos, tomou o maior susto de sua vida. Era ele! Depois de uma visita curta e tumultuada à fábrica de brinquedos Estrela, Michael Jackson resolveu voltar mais cedo. Foi aí que deu de cara com a arrumadeira. “Fiquei com tremedeira e uma vontade louca de abraçá-lo”, lembra a funcionária, que recebeu do ídolo um sorriso de recordação. “Ele é uma gracinha, nem parece de verdade.”
Enquanto batalhões de admiradores mantinham um incansável plantão na porta do hotel, sonhando com um simples aceno da janela (um garoto mais ousado tentou invadir o prédio pela tubulação do ar e acabou preso no almoxarifado), os empregados do Mofarrej tiveram seus fugazes privilégios. Poucos dos 160 funcionários, é verdade, conseguiram ver o cantor de perto.
Durante seu cinco dias de permanência em SP, os seguranças montaram uma barreira intransponível na porta do elevador com acesso à suíte que ocupa todo o 22 andar. Lá, nos 750 metros quadrados, o equivalente a 14 quartos normais – são 2900 dólares a diária - Michael e as três crianças que o acompanham pelas viagens da turnê Dangerous bebiam refrigerantes, empanturravam-se de doces e brincavam dentro de uma pequena cabana de camping, que ele mesmo mandou comprar.
Por causa dessa distância, quem chegou perto do hóspede inacessível faz questão de exibir o troféu. O mordomo Pedro Biasa, 24 anos, circulava na semana passada com a foto tirada ao lado de Michael. “Levanta o moral aparecer com ele”, exultava o funcionário, um dos únicos a conseguir essa graça.
Se não quis posar para muitas pessoas, ao menos o cantor deixou vários souvenirs no hotel. Os objetos serão doados à Santa Casa de Misericórdia, que deve leiloá-los em breve. Ele esqueceu na suíte – ou jogou fora – uma camiseta e um pé de meia usado. Deixou também uma toalha de mesa em que rabiscou um rosto, escreveu Heal the World e assinou seu nome.
O pintor Salvador Dali tinha igualmente o costume de desenhar em toalhas de bares e restaurantes. Às vezes, a levava embora, às vezes a deixava lá mesmo como forma de pagamento da conta. Michael Jackson presenteou a sua ao hotel, mas seus assessores acertaram as despesas na saída. Entre diárias e serviços de quarto, as setenta pessoas da sua comitiva desembolsaram mais de 100.000 dólares na caixa do hotel.
Essa propaganda teve um preço. As telefonistas do hotel quase ficaram loucas com o número de trotes. A cada minuto, eram feitas até seis chamadas de fãs que imaginavam ser possível falar com Michael Jackson. Muitos se identificavam com nomes de pessoas famosas.
“Xuxa” ligou incontáveis vezes. Assim como sua empresária "Marlene Mattos”. Um anunciou-se como assessor do presidente Itamar Franco. Outro imitou o vozeirão do prefeito Paulo Maluf. Claro que os truques não funcionaram. Os quatro ramais instalados no apartamento 2201 estavam bloqueados. Duas linhas diretas, uma delas para fax, foram instaladas na suíte.
A encarregada de telefonia Rose Santos, 33 anos, era uma da únicas pessoas com acesso ao número, de prefixo 253, que fazia soar o aparelho na cabeceira do cantor. Certa noite, a telefonista bilíngue não resistiu à tentação. Ligou para lá, dizendo ser uma fã. Conversaram durante 2 minutos. “Ele tem uma voz infantil”, conta Rose, que tremia ao telefone. “É supersimpático, perguntou minha idade e se eu iria ao show”.
Houve quem chegasse mais perto ainda. Na noite de sábado, véspera do último show na cidade, a lavanderia do hotel recebeu um lote de roupas da suíte presidencial. Para Vera Helena Pereira, 37 anos, uma das funcionárias do departamento, não havia dúvida da procedência daquelas sete camisetas, três pijamas, dois pares de meia e quatro cuecas. “É lógico que eram do Michael”, assegura.
Certos hábitos do cantor decepcionaram quem esperava no mínimo uma bolha de isolamento dentro do quarto. Michael Jackson trouxe a São Paulo um cozinheiro particular, o italiano Sadhana Khalsa, mas não pediu nada de outro mundo no cardápio. Sua dieta básica era frango e batatas fritas, acompanhado de arroz japonês.
Como qualquer ser humano, na noite do dia 16 descuidou-se e trancou o quarto com a chave dentro. A supervisora de andares, Maria Ferreira de Oliveira, 46 anos, foi convocada para resolver o problema.
Michael aproveitou a estadia em São Paulo para visitar o parque de diversões PlayCenter. Por volta das 14 horas, a administração do parque recebeu a informação de que ele viria e, após os acertos, quatro seguranças chegaram minutos antes, para verificar se estava tudo certo. Em poucos minutos, Michael chegou ao parque, acompanhado de quinze pessoas de sua equipe e mais três crianças.
Como a notícia havia vazado, muitos jornalistas e curiosos se aglomeraram na entrada principal do parque e eles tiveram que entrar pela entrada que ficava na Rua Rubens Meirelles, próxima a Montanha Encantada.
A direção do Playcenter convocou doze funcionários para acompanhar Michael e operar os equipamentos. O Enterprise foi o primeiro a ser escolhido por Michael, onde ele tirou o chapéu e os óculos pela primeira e única vez, durante a visita. Sempre falando pouco e com a voz baixa, ia escolhendo os brinquedos juntamente com as crianças que o acompanhavam.
O segundo foi o La Bamba, e na seqüência, a Casa dos Monstros, Ciclone, Tornado, Barca Viking, Trabant, Alpen Blitz, Gigantona, Labirinto, Montanha Encantada e Sombras Mágicas.
Segundo funcionários que o acompanharam, Michael Jackson foi bem discreto e educado, agradecendo ao operador cada vez que saía dos equipamentos, e demonstrou grande satisfação pela Montanha Encantada, atração da qual ele saiu aplaudindo.
Já próximo das 22:30 hs, antes de sair do parque, Michael pediu algumas das frutas do antigo stand de caramelados, que foram encaminhadas, no dia seguinte, ao hotel em que estava hospedado.
O Playcenter foi o primeiro grande parque de diversões de São Paulo, sendo inspirado nos parques das grandes cidades dos E.U.A. e da Europa. Situado em uma área de 85 mil m², o parque recebia cerca de 1,6 milhão de pessoas anualmente. O Playcenter encerrou suas atividades no dia 29 de julho de 2012 para uma reforma no parque.
O que era pra ser uma simples visita para compra de brinquedos por Michael Jackson na fábrica de brinquedos Estrela, no Parque Novo Mundo, Zona Norte, acabou com o atropelamento de quatro pessoas, causado pelo intenso tumulto em torno das vans da comitiva de Michael.
Perto das 20:30hs, Michael Jackson chegou ao portão da indústria em sua comitiva composta por três vans e escoltadas por uma viatura da ROTA. A equipe de segurança tinha tudo planejado para sua visita ao showroom da Estrela e posteriormente, realizar compras na loja exclusiva dos funcionários.
Mas ninguém esperava que a presença do cantor iria chamar tanta atenção, levando centenas de pessoas para a porta da fábrica. Isso fez com que Michael desistisse da visita. Depois que os carros entraram na fábrica, tamanha era a expectativa e o tumulto que se formou no portão que a comitiva decidiu abandonar o local.
Na saída, a confusão aumentou, com as pessoas querendo ver Michael de qualquer maneira, e os furgões foram cercados. Na estratégia de saída rápida, o furgão, para não colidir de frente com uma viatura da PM, acabou atropelando Marcio Alberto de Paula (15), que caiu sobre o capô da viatura da polícia. Ao jogar o veículo para o outro lado, o motorista atingiu sua irmã Renata Eliana de Paula (14) e dois jornalistas do SBT.
O repórter Carlos Cavalcanti e o cinegrafista André Copázio tiveram pancadas no ombro e joelho, respectivamente, e após serem medicados na Clínica Voluntários, foram liberados.
O vice-presidente da Estrela, Carlos Tilkian, atônito com os acontecimentos, lamentou que Michael Jackson tenha desistido da visita. Segundo ele, a diretoria da empresa tinha sido consultada às 18:30hs e preparou tudo, desde a renovação do estoque de brinquedos como a parte de segurança interna, pois naquele horário, 800 funcionários estavam trabalhando.
"É uma pena, estava tudo sob controle dentro da fábrica e nós nem sequer tivemos contato com ele, que entrou, viu a presença do público do lado de fora e foi embora", concluiu.
Michael teria 315 tipos de brinquedos à sua escolha que, segundo o diretor da fábrica, ele queria comprar para distribuir às crianças carentes.
A garota Renata não sofreu nenhum ferimento grave, mas seu irmão, Márcio acabou quebrando a perna e teve que passar por uma cirurgia, no dia seguinte. Michael, então, decidiu visitar o garoto no hospital.
Márcio, hoje formado como jornalista, recorda: “Eu não tinha ideia. Ninguém me avisou. Eu não sabia que ele ia lá. Então, eu estava normal, assistindo à televisão, e ele abre a porta e entra. Eu não imaginava.”
Vendo o vídeo, o jornalista lembra que quase chorou no momento. “Foi uma emoção. Para mim, foi muito bacana. Foi uma atitude extremamente generosa da parte dele.”
A família inteira de Márcio acompanhou o encontro, que também teve seus momentos de portas fechadas. “Ele pediu para o pessoal sair do quarto. Aí, ele perguntou como é que tinha sido o acidente, falou que ele não queria que aquilo tivesse acontecido e pediu desculpas”, lembra.
Márcio ainda conta que não conseguiu falar nada. “Não pedi autógrafo, esqueci. Depois que a equipe saiu, ele tirou o óculos, ficou à vontade e brincou. Ele meio que deu uma dançada lá dentro do quarto, uma coisa assim. Ele ficou à vontade.”
Com Renata, irmã de Márcio |
O ortopedista Fernando Miele da Ponte foi um dos médicos que receberam Michael no hospital. A delicadeza de Michael foi mais marcante que a aparência exótica.
“Uma pessoa supereducada. Ele me passou que era uma pessoa do Bem, mesmo. Deu autógrafos para todo mundo. Não discriminou quem era médico, quem não era, os auxiliares, as copeiras. Ele conversou com todo mundo naquele dia."
Para Márcio, a mais profunda recordação que ficará não é a da poderosa estrela da música. “Naquele momento de intimidade, o que deu para captar foi a fragilidade dele”, declara.
Comprando filmes
Após a visita ao garoto Márcio no Hospital, Michael comprou cerca de trinta filmes, entre os quais Perfume de Mulher, na locadora Black & White. A conta, de valor não revelado, ficou para ser entregue no hotel.
Segundo Odair Badoya (da DC-Set) Michael Jackson adorou o uniforme do 2o. Batalhão de Choque da PM. O uniforme é cinza com botas e bonés pretos. Consta que Michael se apaixonou pelo uniforme da ROCAM (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas), equipe do batalhão que escoltou Michael Jackson do aeroporto ao hotel. Lhe foi prometido um uniforme igual nas sua medidas: tamanho médio, número de sapato 42 e cintura 71 cm.
Crianças da Casa de Maria e da favela Benfica |
As crianças do Orfanato Casa de Maria e os meninos da favela Benfica acompanharam Michael Jackson na canção Heal The Word, vestindo roupas típicas de vários países. Todas ensaiaram o número, antes do show.
Leia mais aqui
Um grupo de fãs encontra com Michael nos bastidores |
Com Brett Barnes |
O Brasil na capa do álbum HIStory
A terceira vez que Michael Jackson esteve no Brasil foi em Fevereiro de 1996. Ele gravou o vídeo da canção They Don't Care About Us, no Pelourinho, em Salvador e no Morro Dona Marta, na cidade do Rio de Janeiro.
Sob a direção de Spike Lee, o vídeo TDCAU expunha as feridas da pobreza do Rio de Janeiro, mostrando o cenário pobre, aos pés do Cristo Redentor, sempre escondido pelas fotografias turísticas da cidade. Depois de pronto, o vídeo passou a mostrar os contrastes que dividem o Rio. De um lado, o luxo dos prédios debruçados sobre a lagoa. Do outro, barracos pendurados sobre rios de esgoto e lixo.
Por cerca de uma semana antes da data de Michael Jackson estava para chegar, cerca de 200 homens e mulheres do Olodum se reuniram, à noite, para os ensaios com os tambores.
Sheila Oliveira pôde abraçar Michael, em Salvador (BA) |
O cover brasileiro Adelmo Jackson e outros fãs junto ao hotel |
Ao encerrar as gravações no Pelourinho, Michael partiu para o Rio de Janeiro. Ele viajou em um avião comercial pela Varig, acompanhado pelos seus seguranças e pelas crianças da família Cascio. O editor da Globo, Marcelo Senna, estava no mesmo voo e contou ter estado bem próximo de Michael durante a viagem.
O depoimento completo se encontra publicado aqui
Michael dentro do avião |
Já no Rio de Janeiro, Michael fez um voo panorâmico ao redor da estátua do Cristo Redentor.
Além da permissão para entrar no morro, Michael foi recebido com uma faixa pendurada, que continha a seguinte inscrição:
Michael caminhou livremente pelos becos, sempre acompanhado por 60 homens - que teriam sido selecionados pelo tráfico. O governo estadual da época não queria que o vídeo fosse gravado, pois temia que ele denunciasse a pobreza do local e mostrasse as falhas do governo.
Michael Jackson ficou 5 horas e 45 minutos no morro, duas delas, se preparando em um camarim improvisado. Não seguiu o roteiro (de ficar apenas na laje) e andou pelas vielas, subiu e desceu escadas nos becos.
No fim da tarde, Michael trocou o helicóptero que o levou à favela por uma van e aproveitou para passear pela Lagoa Rodrigo de Freitas, localizada na zona sul do Rio de Janeiro.
A Lagoa Rodrigo de Freitas |
O depoimento de uma fã
"Fiquei em um quarto pequeno. A casa estava em obras, e improvisaram uma cama para mim. Ouvia o pessoal passando o tempo todo, do lado de fora. Expulsaram todos os jornalistas. Coloquei um short, camiseta e um tênis e fiquei andando pelo morro, como se fosse namorada do dono da casa. Não dava medo, não era que nem hoje, mas era adrenalina pura estar ali."
Michael Jackson chegou de helicóptero no campo de pouso, no alto do morro.
"Fiquei em cima da lage para ver a chegada dele. Vi quando ele desceu, sem máscara, e passou muito perto de mim, a menos de um metro. Um sósia estava atuando o tempo todo, mas nesse momento era ele mesmo. Fiquei nervosa. Pensei nessa hora: é o meu ídolo, eu vi Michael Jackson!"
O cantor foi para um largo com um belo visual da cidade, onde foi filmado a maior parte do vídeo.
"Fiquei entre as casas, vendo a filmagem, de longe. Não tinha ninguém da imprensa além de mim. Cerca de uma hora depois, começaram a chegar fotógrafos, que conseguiram entrar, além da repórter Glória Maria, da Rede Globo.
"O melhor foi que a família que me acolheu são meus amigos até hoje. Eu nuca mais perdi essa família. Sempre mantive contato com eles, desde então. Mesmo quando morei em Londres mandava cartas. Ganhei uma família de amigos, muito especial mesmo!"
FITA CASSETE AUTOGRAFADA NO MORRO DONA MARTA EM 1996
"Me chamo Maycon Brohwn, tenho 22 anos e vou compartilhar um relato e uma experiência acompanhada de um item único. Luiz Cláudio era morador do Dona Marta-RJ e conseguiu, no dia gravação do clipe They Don't Care About Us em 1996, um autógrafo do Michael Jackson em Fita Cassete do Álbum BAD!!! Vou deixar o depoimento dele desse "DOMINGO INESQUECÍVEL":
Foi em um domingo inesquecível de um dia muito bonito de sol. Nós nos divertimos muito, foi uma agitação de pessoas, instrumentos. cabos de energia, caixas de som. reporteres, helicóptero sobrevoando. muito show.
Eu morava ao lado de onde foi gravado o clipe, então consegui, com muito esforço, chegar ao meu barraco. pois havia a segurança e a guarda municipal impedido as pessoas de chegar perto do astro. Havia um homem de cabelo comprido que era bem próximo ao Michael Jackson. ele estava com uma câmera pequena. e começou a me filmar. pois eu estava com as minhas fitas cassete nas mãos.
Fiz sinal pra ele pedir ao Michael Jackson para autografar. pois não sei falar inglês. Ele entendeu e, em seguida, um tempo depois ele a trouxe pra mim. Desse dia pra cá tenho guardado essa fita com muita atenção e carinho.
Cuida bem dessa fita. ele era uma pessoa muito especial, apesar de algumas pessoas falarem mal, Michael tinha um bom coração... boa sorte pra você."
Luiz Cláudio (Ex-morador do Morro Santa Marta-RJ )
Imagem do Frank Cascio
E aqui fiz questão de montar um mural com souvenirs direto do Santa marta e autenticar o autógrafo:
Eu, com 22 anos, ter um item desse comigo é uma conexão entre mim e o Michael, Realizei um sonho que sendo bem sincero, jamais achei que iria acontecer!!! Mas aconteceu. Meu amor pelo Michael Jackson começou com 5 anos de idade e, com o tempo, isso vem aumentando a cada dia. MICHAEL JACKSON, DEPOIS DESSE AUTÓGRAFO, VOCÊ TEM SIDO UMA ENERGIA CONSTANTE AO MEU LADO!!! VOCÊ JÁ FOI UMA ESTRELA PRA MIM!! MAS HOJE, VOCÊ É UM CONSTELAÇÃO!!!"
"Comigo, as coisas não são normais. Eu não entrevistei Michael Jackson, foi ele que me entrevistou. Eu o acompanhei quando gravou na Bahia e fiquei negociando para ver se ele falava comigo. Estávamos no Pelourinho e Michael viu o carinho do povo comigo, então, disse que conversaríamos no Rio.''
A segunda versão do vídeo TDCAU
Michael e Spike Lee na gravação da segunda versão |
A laje também ganhou um mosaico do cantor, feito pelo artista plástico Romero Britto. O espaço, que antes já era chamado de Laje Michael Jackson, recebeu o nome do cantor oficialmente.
Com as crianças da família Cascio |
Mostrando seus discos de platina pelas vendas do álbum HIStory no Brasil |
Rio de Janeiro. Após um longo dia de gravações do TDCAU,
Michael ensina a Marie Nicole e Dominic um jogo de cartas
|
Com Alex Gernandt, editor-chefe da revista Bravo (Alemanha) |
Subindo o Morro Dona Marta com as crianças Cascio |
Fazendo compras em Ipanema. Michel comprou brinquedos e distribuiu para as crianças do local
O crachá de identificação na fictícia prisão da versão norte-americana de TDCAU
|
http:// MJBeats.com - Michael Jackson O Rei dos Reis **Imagens do meu arquivo